Eco dos Bichos


Blog para apresentação e discussão de casos de ultrassonografia veterinária. Muitas espécies serão contempladas nos posts: cães, gatos, coelhos, hamsters, ratos, porquinhos-da-índia, primatas, aves, tartarugas, iguanas, entre outros. O assunto é muito interessante e de grande utilidade, tanto para o clínico quanto para o imaginologista veterinário!


Atendemos em Porto Alegre, na Clínica Toca dos Bichos e no Centro Clínico Cirúrgico Veterinário.


Contate-nos pelo e-mail ecodosbichos@gmail.com ou pelos fones (51)9976.1134, (51)3341.7664 (Toca dos Bichos) (51)3348.3700 (CCCV).



Sobre a Ultrassonografia


A ultrassonografia - ou ecografia - é um exame não invasivo, não ionizante, seguro e que fornece imagens em tempo real. É um exame complementar que auxilia muito nos diagnósticos clínicos.


Existem diversas modalidades de ultrassonografia, sendo a abdominal total a mais solicitada, para avaliação dos órgãos e tecidos abdominais e pélvicos. Também fazem parte da rotina do diagnóstico por imagem ultrassonográfico as requisições para exame torácico, ocular, de pequenas partes, de músculos e anexos, vascular e ecocardiografia.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Alterações na ultrassonografia das glândulas adrenais

Nos cães e ferrets as alterações ultrassonográficas nas glândulas adrenais são encontradas com relativa frequência. Nos cães, as suas manifestações clínicas são decorrentes da elevação do cortisol sistêmico, no quadro de hiperadrenocorticismo. Nos ferrets, são causadas pelo aumento dos níveis séricos de estrógenos e andrógenos, e a afeçcão é conhecida como doença das glândulas adrenais. Em ambos os casos, a razão é a hiperplasia ou neoplasia glandular.

As glândulas adrenais dos ferrets medem em torno de 0,6 a 0,8 cm de comprimento por 0,2 a 0,3 cm de largura (Quesenbery, K.E.; Carpenter, J.W.). Nos cães, serão consideradas aumentadas quando medirem mais de  2,4 cm de comprimento por 1 cm de largura (Kealy, J.K.; McAllister, H.). O aspecto ultrassonográfico normal é hipoecoico, e nas alterações poderá haver diferença entre o tamanho das glândulas, sendo que se esse ocorrer bilateralmente poderá ser sugestivo de HAC pituuitário-dependente nos cães. Mineralizações podem ocorrer, sem significado clínico em glândulas com tamanhos normais (Kealy, J.K.; McAllister, H.).

Adrenal de tamanho normal em paciente canino, fêmea,  15 anos, com sinais clínicos de HAC.

Adrenal contra-lateral aumentada, mesma paciente da imagem anterior.


Adrenal aumentada em ferret, paciente sem sinais clínicos de doença das glândulas adrenais. A paciente havia sido submetida anteriormente à adrenalectomia do órgão contra-lateral.


Independente da espécie, é necessário citologia / histopatologia para a confirmação do diagnóstico.

Fontes:
- Kealy, J.K.; McAllister, H. Radiologia e ultra-sonografia do cão e do gato. Manole, 3a. ed., 2005.
- Quesenbery, K.E.; Carpenter, J.W. Ferrets, rabbits and rodents - clinical medicine anda surgery. Saunders, 2a. ed., 2004.





segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Caso clínico: ultrassonografia em uma fêmea de cágado

Os cágados-da-lagoa são répteis que habitam águas doces da região sul do Brasil. Pertencem à ordem dos quelônios, e as fêmeas podem chegar a medir 40 cm na sua carapaça, o que os caracteriza como uma das maiores espécies de cágados encontrados no Brasil. 

A fêmea em questão saiu de um lago de um parque na região central de Porto Alegre, RS, e foi atropelada ao atravessar uma avenida movimentada. Sofreu uma fratura de casco, e no transporte para o atendimento efetuou a postura de dois ovos, o que fez a equipe veterinária concluir que ela saiu do lago em busca de um local para fazer a postura.

A ultrassonografia foi realizada para avaliar os órgãos da cavidade celomática, devido ao trauma sofrido, e para pesquisar a presença de ovos. No exame, foi constatada a integridade de rins, fígado e bexiga, e foram visualizados 6 ovos, alguns em processo final de calcificação. O exame auxiliou no planejamento do tratamento e no manejo postural da fêmea, evitando-se a instauração de uma eventual distocia. 

Cágado-da-lagoa, fêmea. Foto: M.V.Esp. Fabiane Prusch

Ultrassonografia com acesso pela janela pré-femoral. Foto: M.V. Esp. Marcela Pearson 


Curiosidade: as fêmeas de cágado-da-lagoa podem colocar de 8 a 32 ovos por postura, que serão incubados por 150 dias a temperatura média de 30 oC, enterrados em areia fofa. A postura ocorre duas vezes por ano, sendo uma delas entre setembro e dezembro. 

O atendimento clínico-cirúrgico foi realizado no início do mês de setembro de 2013 pela equipe da Clínica Veterinária Toca dos Bichos e o atendimento ultrassonográfico pela equipe da Eco dos Bichos, ambas especializadas no atendimento a animais silvestres e exóticos. 


Fontes: 
- Mader, D. Reptile Medicine and Surgery, 1996; 
- http://www.tartarugas.avph.com.br/cagadodalagoa.php

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Doenças do aparelho reprodutor dos cães machos

É possível verificar, na rotina da ultrassonografia de pequenos animais, que os cães machos frequentemente são acometidos de alterações prostáticas e testiculares. A estimulação hormonal induz ao crescimento tecidual - por vezes desordenado - ou à hiperplasia, gerando lesões que manifestam-se clinicamente e são evidenciadas ao exame ultrassonográfico.

Na ultrassonografia do aparelho reprodutor dos machos, buscamos avaliar as condições estruturais dos órgãos (próstata, testículos) e anexos (epidídimos, saco escrotal), e a sua localização topográfica. Pesquisamos a homogeneidade dos tecidos, o formato e as dimensões do órgão estudado, e a presença de lesões. Algumas são comuns às diferentes patologias, e o diagnóstico final é realizado através de citologia ou histopatologia.

Aqui listamos as alterações mais frequentemente encontradas e as patologias relacionadas:

Próstata
- aumento de volume, presença de microcistos, heterogeneidade do parênquima -  hiperplasia prostática benigna e prostatite.
- lesões nodulares, com bordos limitados ou irregulares -  neoplasias e abscessos.
- massas - neoplasias, granulomas.

Testículos e epidídimos
- aumento de volume, heterogeneidade do parênquima - orquites e neoplasias.
- lesões nodulares - neoplasias e abscessos.
- massas em topografia de testículos tópicos ou ectópicos.

Saco escrotal
- edema parietal - processos inflamatórios, infecciosos ou congestivos.

É importante o estudos dos órgãos e estruturas adjacentes, tais como bexiga, cólon e linfonodos. A presença de alterações nesses tecidos pode indicar uma patologia concomitante ou relacionada àqueles que acometem o aparelho reprodutor. São comuns as cistites ocorrendo com problemas prostáticos, seja por infecção ascendente ou por retenção urinária. Linfonodos reativos ou com perda de estrutura podem sugerir neoplasias. Órgãos como o fígado e o baço também devem ser cuidadosamente estudados, pois neoplasias metastáticas podem estar presentes.

As imagens abaixo mostram vários tipos de lesões:

Massa em próstata (E) e fígado (D) 
Nódulos prostáticos e massa em testículo ectópico (inguinal)

Massa em testículo ectópico inguinal

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Congresso Medvep de 2013


Em julho último participei do Congresso de Especialidades Veterinárias Medvep. Foram quatro dias de muito aprendizado e atualização. Claro que tive de “me virar nos 30” para assistir a tudo o que achei interessante, e ainda arranjar um tempinho para ver as novidades expostas na feira e conversar com colegas, mestres e amigos. Mas enfim, consegui cumprir a seguinte lista de palestras:
  • Diagnóstico das patologias de tórax através da imagem e da citologia –de Donald Thrall e Mary Anna Thrall, EUA - ele é o papa da radiologia, ela é a diva da citologia, portanto dois mestres que são referência bibliográfica palestrando na vizinha Bento Gonçalves!
  • Diagnóstico da disfunção cognitiva felina / prevenção de problemas comportamentais em felino – de Valerie Jonckheer-Sheehy, Holanda
  • Diagnóstico diferencial e manejo inicial de dispneia em gatos /  avaliação radiográfica do tórax felino – de Christine Souza Martins, Brasília
  • Citologia da Neoplasia - de Mary Anna Thrall, EUA
  • Mudanças no comportamento e indicadores de estresse em cães e gatos - de Xavier Mantega, México
  • Principais doenças nutricionais na clínica de aves - de Erica Couto, São Paulo
  • Centro de reabilitação e estratégias para conservação de aves selvagens - de Marcus Romero, de Minas Gerais
  • Tomografia como método de triagem e avaliação cirúrgica de alterações vasculares - de Mauro Caldas, de São Paulo
  • Diagnóstico por imagem de coluna: o que podemos fazer para otimizar? - de Mauro Caldas, de São Paulo
  • Uso da ultrassonografia com contraste por microbolhas na medicina veterinária de pequenos animais - de Cibele F. Figueira, São Paulo
  • Elastografia: uma nova ferramente da ultrassonografia - de Cibele F. Figueira, São Paulo
  • O sistema de reconhecimento do padrão pulmonar é superestimado? - de Donald Thrall, EUA
  • É doença cardíaca ou insuficiência cardíaca? -  de Donald Thrall, EUA
  • Como organizar o fluxo de trabalho no seu estabelecimento veterinário - de Sérgio Lobato, Rio de Janeiro
  • Uma nova subespecialidade: a neurologia de animais exóticos - de Enzo Bosco Vidal, Chile



Como vocês podem notar, tinha muito assunto para ver! Aprendizado sempre é bom, não?! Confiram algumas fotos:

Donald e Mary Anna Thrall, os mestres
Palestra Avaliação de Tórax 
Palestra Neurologia em Exóticos
O Congresso Medvep

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Mini pacientes

Os animais pequenos são muitas vezes acometidos por doenças que também necessitam de exames de imagem complementares para auxiliar no seu diagnóstico. Hamsters, ratos, cobaios – dentre outros pequenos mamíferos – além de aves e répteis - podem ser facilmente submetidos à ultrassonografia, um exame não invasivo e que causa pouco estresse, um fator que deve-se evitar sempre que possível nessas espécies. Há diversas indicações para a realização do exame:

Presença de massas abdominais à palpação
Evidências de secreção vulvar
Aumento de volume abdominal
Suspeita de hipotonia/atonia intestinal (cobaios)
Diagnóstico gestacional (ratas e cobaias)
Pesquisa de folículos e ovos (aves)
Identificação sexual em espécies monomórficas
Acesso ao estatus reprodutivo
Biópsia/citologia guiadas


O exame deve ser realizado com transdutores de alta frequência. Cuidados especiais devem ser tomados, como por exemplo a boa secagem e aquecimento do paciente após a realização do exame, a fim de evitar a hipotermia. Também a contenção adequada e a agilidade na execução são fatores que diminuem o estresse. Por vezes é necessário a sedação ou a anestesia, a fim de diminuir os riscos de trauma e estresse por contenção. 

*Fonte: Mannion, P. Diagnostic Ultrasound in Small Animal Practice, 2006.



Hamster Chinês
Filhote de gambá
Rins de cobaio (porquinho-da-índia)
Massas tumorais em hamster